Como prometido, começo hoje a minha maratona para atender todos os pedidos de
vocês, ‘odontodepressivos’ queridos.
O tema de hoje foi sugestão da Priscilla Alvim, de Goiânia. Ela ainda está na luta do Vestibular, mas já é apaixonada pela futura profissão e é leitora assídua daqui do blog.
No e-mail ela conta que leu na internet que o metaleiro Max Cavalera tinha sido diagnosticado com uma paralisia de um lado da face, denominada PARALISIA DE BELL, e imaginou que isso fosse de interesse Odontológico.
Pois bem, Priscilla, você está certíssima! A doença é de interesse e atuação do Cirurgião-Dentista, mais precisamente o Cirurgião Buco-maxilo-facial
(ao meu ver, a área mais linda!).
A primeira vez que você irá ouvir sobre a doença será, com certeza, em suas aulas de
Anatomia de Cabeça e Pescoço, quando você for estudar sobre o Nervo Facial!
Como você ainda não entrou no curso (ou para aqueles que ainda não tiveram a cadeira) e como sou Monitora de Anatomia e apaixonada pelo Sistema Nervoso, irei, com prazer, apresentá-los.
Nós possuímos 12 pares de nervos cranianos. Eles nascem do sistema nervoso central
(o cérebro) e seguem para a cabeça e pescoço, sem passar pela medula espinhal, a fim de inervar essas regiões.
Uns têm a função apenas motora, outros são sensitivos e têm uns que possuem a função mista: motora e sensitiva.
O nervo facial é um desses pares, o VII par, que tem a função mista, estimulando os
músculos faciais, dando a sensação gustativa de dois terços anteriores da língua, além de levar fibras parassimpáticas para as glândulas lacrimal, sublingual e submandibular.
A Paralisia de Bell é uma anomalia desse nervo, caracterizado pela fraqueza súbita ou
a paralisia dos músculos de um lado da face.
No e-mail, a Priscilla me perguntou se a Paralisia de Bell seria uma das características de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Não, gente!
Nem sempre uma paralisia facial é necessariamente um AVC. Essa confusão até causa uma grande ansiedade tanto no paciente quanto nos familiares, porque a primeira coisa que vem a cabeça é a possibilidade de derrame cerebral (AVC), mas, ‘graças’ a Paralisia de Bell, a paralisia facial pode ter uma causa bem mais ‘benigna’.Aliás, mais de 70% das paralisias faciais (estatística de um artigo que li) são causadas pela Paralisia de Bell e não por um derrame.
Nem sempre uma paralisia facial é necessariamente um AVC. Essa confusão até causa uma grande ansiedade tanto no paciente quanto nos familiares, porque a primeira coisa que vem a cabeça é a possibilidade de derrame cerebral (AVC), mas, ‘graças’ a Paralisia de Bell, a paralisia facial pode ter uma causa bem mais ‘benigna’.Aliás, mais de 70% das paralisias faciais (estatística de um artigo que li) são causadas pela Paralisia de Bell e não por um derrame.
Vou explicar essa diferença, imaginem comigo:
Cada um dos nervos faciais nasce em um lado do cérebro. Antes de chegar ao rosto, uma parte de cada nervo cruza de lado, indo inervar a face contralateral.
Este detalhe anatômico explica tudo.
Quando a lesão ocorre dentro do cérebro, chamamos de lesão central do nervo periférico, causando um tipo de paralisia facial, como nos casos de AVC.
Quando a lesão facial ocorre depois que o nervo já ter deixado o cérebro, ocorre outro tipo de paralisia facial, chamado de lesão periférica do nervo facial, como nos casos de traumas ou a Paralisia de Bell.
Entenderam?
Cada um dos nervos faciais nasce em um lado do cérebro. Antes de chegar ao rosto, uma parte de cada nervo cruza de lado, indo inervar a face contralateral.
Este detalhe anatômico explica tudo.
Quando a lesão ocorre dentro do cérebro, chamamos de lesão central do nervo periférico, causando um tipo de paralisia facial, como nos casos de AVC.
Quando a lesão facial ocorre depois que o nervo já ter deixado o cérebro, ocorre outro tipo de paralisia facial, chamado de lesão periférica do nervo facial, como nos casos de traumas ou a Paralisia de Bell.
Entenderam?
Vale lembrar também que o AVC costuma apresentar outros sinais associados, como
paralisias no resto do corpo, desorientação, dificuldades na marcha, etc..
Embora a causa da Paralisia de Bell não seja conhecida, ela pode ocorrer por:
- Edema do nervo facial como reação a uma infecção viral (geralmente o vírus Herpes simples, Herpes Zoster – causador da catapora –, Epstein Barr – causador da mononuclease – e o citomegalovírus) e é a maioria dos casos;
- Compressão por tumores cerebrais ou outros tumores como a Colesteatoma
(tumoração benigna do ouvido médio, que pode comprimir o nervo facial e mimetizar uma Paralisia de Bell);
(tumoração benigna do ouvido médio, que pode comprimir o nervo facial e mimetizar uma Paralisia de Bell);
- Falta de fluxo sanguíneo;
- Otite média (infecção do ouvido médio);
- Traumas próximos à região do nervo;
- Após uma anestesia local errônea;
- Síndrome de Sjogren (matéria da semana passada);
Entre outras doenças que poderão acometer o nervo Facial, levando o paciente a um quadro
de Paralisia de Bell. Além disso, pacientes hipertensos, diabéticos e grávidas são fatores de
risco para a doença.
O indivíduo com essa Paralisia pode apresentar dor na região mastoidiana (região
onde se encontra a porção mastoidea do osso temporal – atrás da orelha, Priscilla!),
principalmente algumas horas antes de ocorrer a fraqueza muscular. O grau de fraqueza pode variar de modo imprevisível, de discreto a grave, mas sempre afeta apenas um lado da face (hemi paralisia facial).
Logo, a musculatura de metade do rosto é comprometida, desalinhando a boca, impedindo o fechamento de um dos olhos, incapacidade de levantar as sobrancelhas, franzir a testa e sorrir.
Em casos mais graves, o paciente pode apresentar também diminuição
Logo, a musculatura de metade do rosto é comprometida, desalinhando a boca, impedindo o fechamento de um dos olhos, incapacidade de levantar as sobrancelhas, franzir a testa e sorrir.
Em casos mais graves, o paciente pode apresentar também diminuição
do lacrimejamento de um dos olhos, aumento da sensibilidade ao som em um dos ouvidos,
redução do paladar nos 2/3 iniciais da língua, diminuição da salivação e dor de cabeça ou dor ao redor da mandíbula.
A paralisia de Bell costuma regredir espontaneamente. Entretanto, nos casos mais
agressivos, pode haver sequelas. Quanto menor for a gravidade da paralisia, maior a chance de
recuperação total. Se o paciente apresentar todos os sintomas descritos acima e não
demonstrar melhora após 3 meses, existe o risco de permanecer com sequelas.
O tratamento sintomático deve favorecer o cuidado com os olhos, haja vista que o
paciente costuma não conseguir fechar os olhos e pode apresentar redução da produção de lágrima, tornando o olho ressecado, com risco de cegueira por lesão da córnea.
Logo, colírios com lágrimas artificiais durante o dia e proteção dos olhos à noite, durante o sono, são importantes para proteção da visão até que os movimentos das pálpebras retornem ao normal.
A fisioterapia facial, para estimulação dos nervos periféricos, também é de suma
importância e tem apresentado sucesso nos casos dos artigos que li.
Apesar da melhora espontânea na maioria dos casos, trabalhos recentes mostraram
que o uso de corticoides aumenta ainda mais a chance de recuperação completa.
O regime atualmente proposto é 60 a 80 mg de Prednisona oral por dia, por uma semana.
É importante que o tratamento deva ser iniciado nos primeiros 3 dias. Visando ainda a recuperação com regeneração do nervo e reinervação da musculatura, usa-se também o Citoneurin 5000, um complexo B, um comprimido após o almoço, por 30 dias. Além disso, como a maioria dos casos são causados por vírus, o uso de antivirais associado ao corticoide é válido.
De todos os relatos de caso que pesquisei todos usaram o antiviral Valaciclovir.
Deu pra entender, Priscilla?
Se ficou um pouco confuso, por você ainda pouco conhecer sobre a Anatomia da face, te deixo aqui com a indiscutível explicação sobre a doença dita pelo próprio
Max Cavalera: "É uma doença bem estranha. Meu olho direito não pisca e metade da minha cara dói como se tivesse sido socada pelo Mike Tyson!"
Espero que tenham gostado! Aguardo vocês com mais dicas, sugestões, reclamações e muuuuuitos elogios (hahaha) no meu e-mail: lala_azulay@hotmail.com
Até a próxima Quarta!
Beijos,
Lays Azulay
Fotos e Fontes:
PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA IDIOPÁTICA DE BELL : http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
282X2001000500016
Abordagem clínica e terapêutica da paralisia facial de Bell: uma revisão
de literatura : http://periodicos.unitau.br/ojs-2.2/index.php/clipeodonto/article/viewFile/1202/898
Paralisia facial após técnica anestésica mandibular: http://www.revistacirurgiabmf.com/2010/v10n2/1.pdf
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbM2vv73lHHp3AtZzmMlGG2Tx1UEqnANqHLFBT4980OMXAjGMuwQ-bXHsDiF1D6bCp6VJkN3Ew-6cBRNUrRlpVlBevNwo8HKdlMdzBQ-zoUrz6qfZf3-_4O3oBjq3KcfqLpUCwkYVBaRTX/s1600/bell.png
http://www.odontologiaresponsavel.blogspot.com.br/2012/02/paralisia-do-max-cavalera.html
http://www.mdsaude.com/2010/08/paralisia-facial-tratamento-causas.html
http://www.zevariedades.com/sindrome-de-bell-conheca-o-problema-do-roqueiro-max-cavalera-ex-sepultura/
TRATAMENTO DA PARALISIA DE BELL: UM RELATO DE 3 CASOS : http://www.bucomaxilo.org.br/?op=form_cap8-pV
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