Finalmente
nossa quarta chegou! Serei chata se mais uma vez agradecer a todo carinho,
elogios e compartilhamentos que ando recebendo sobre as minhas matérias? É que
não posso deixar de expor toda alegria que sinto quando recebo algum e-mail,
inbox, DMs ou comentários lindos vindo de vocês, pessoas que nem conheço, mas
que me fazem mega feliz!
A cada semana, sinto a responsabilidade só aumentar e, por isso, estudo muito, para trazer essas informações.
A cada semana, sinto a responsabilidade só aumentar e, por isso, estudo muito, para trazer essas informações.
Tenho
recebido muitas dicas no meu e-mail (lala_azulay@hotmail.com),
com temas muito legais para serem abordados e prometo que tentarei tratar de
todos os assuntos pedidos, mas hoje, eu precisava falar deste aqui, porque,
além de ser importantíssimo para nós (futuros e já cirurgiões-dentistas), é uma
doença relativamente nova, mas que está em grande evolução.
Confesso,
nunca tinha ouvido falar dela, até há alguns meses. Não fosse o meu caso de
amor com o Tênis, que me faz acompanhar os torneios e os programas que falam
dele, acho que só iria ouvir sobre a doença na minha aula de Farmacologia do
Sistema Nervoso Autônomo, em alguma aula de Patologia Oral ou futuramente em
Estomatologia e, acredito, nem daria tanta importância a ela.
Pois
bem, outro dia, estava eu assistindo ao Sportv News, quando me deparo com a
notícia que Venus Williams, a primeira tenista negra a liderar o ranking da
WTA, abandonou o US Open e ficaria afastada das quadras por tempo indeterminado
por estar sentindo sintomas da Síndrome de Sjögren, que estavam impedindo-a de
continuar.
Bom, não preciso falar
que a minha curiosidade patológica me fez pesquisar sobre a doença, e para a
minha prazerosa surpresa, é mais uma doença que tem tudo a ver com a nossa
profissão!
Vou explicar: A
Síndrome de Sjögren ou síndrome de Goujerot-Sjögren é uma doença
inflamatória sistêmica crônica, de natureza
autoimune, onde os órgãos exócrinos são afetados, preferencialmente, as
glândulas salivares e lacrimais, determinando prejuízo estrutural e disfunção
secretora destas. Na verdade, ocorre uma infiltração linfocitária (células do sistema imune) progressiva destas
glândulas.
Corte
histológico mostrando uma glândula salivar labial com infiltrado
linfocítico em 2 focos separados.
Duas formas da
síndrome são descritas na literatura, a primária e a secundária, onde a
primária está relacionada com o envolvimento apenas das glândulas salivares e
lacrimais e a secundária com um ou ambos os órgãos exócrinos associado a outra
doença do tecido conjuntivo como lúpus, cirrose biliar, esclerose sistêmica, e
– o mais comum – artrite reumatóide.
Os sintomas-chave da
síndrome de Sjögren é a xerostomia (boca seca) e xeroftalmia (olhos secos),
devido à redução de produção de saliva e lágrimas. Além disso, a síndrome de
Sjögren pode causar secura da pele, nariz e vagina, podendo afetar outros
órgãos do corpo, incluindo os rins, vasos sanguíneos, pulmões, fígado,
pâncreas e cérebro.
Olhando apenas pelo
lado de interesse Odontológico, à medida que a doença diminui a quantidade de
saliva, ela traz inúmeros problemas como:
Dificuldade de falar ou comer,
Mau-hálito
Aumento do número de cáries dentárias.
A língua apresenta atrofia das papilas , inflamação, fissuração, rachaduras e até desnudação. A língua fica tão prejudicada, que o paciente apresenta em sua mucosa sensibilidade, ardência, queimação e dor. A mucosa oral apresenta-se avermelhada e atrófica e há uma grande susceptibilidade à candidíase oral.
Dificuldade de falar ou comer,
Mau-hálito
Aumento do número de cáries dentárias.
A língua apresenta atrofia das papilas , inflamação, fissuração, rachaduras e até desnudação. A língua fica tão prejudicada, que o paciente apresenta em sua mucosa sensibilidade, ardência, queimação e dor. A mucosa oral apresenta-se avermelhada e atrófica e há uma grande susceptibilidade à candidíase oral.
Além disso, a
xerostomia crônica predispõe à cárie dental aguda, complicações periodontais e
perda subsequente dos dentes. Já os pacientes edêntulos (sem dentes) apresentam
dificuldades para utilização de dentaduras e incômodos com aparelhos protéticos
devido à secura da boca. Tudo isso porque, para quem ainda não teve a cadeira
de Bioquímica ou Microbiologia Oral, dentre as múltiplas funções da saliva
destacam-se:
Proteção antibacteriana da cavidade bucal e do epitélio gastrointestinal,
Lubrificação das mucosas, auxílio na formação e deglutição do bolo alimentar,
Manutenção do equilíbrio ácido-básico (ph),
Retenção de próteses totais,
Função digestiva
Auxílio na fonação e percepção do paladar.
Proteção antibacteriana da cavidade bucal e do epitélio gastrointestinal,
Lubrificação das mucosas, auxílio na formação e deglutição do bolo alimentar,
Manutenção do equilíbrio ácido-básico (ph),
Retenção de próteses totais,
Função digestiva
Auxílio na fonação e percepção do paladar.
O
diagnóstico da síndrome é determinado pelas queixas dos principais sintomas
(xeroftalmia e xerostomia), história minuciosa e os dados laboratoriais
(biópsia das glândulas salivares labiais e avaliação dos níveis séricos - a
quantidade encontrada no sangue - de auto-anticorpos).
Atenção mulherada: Nove em cada dez pessoas com
a síndrome são mulheres e a idade média de início da síndrome é o final da
quarta década de vida. No entanto, a síndrome pode ocorrer em todas as faixas
etárias e em ambos os sexos.Li em um artigo que a síndrome atinge hoje 4
milhões de pessoas nos Estados Unidos, sendo no país a segunda doença reumática autoimune mais comum.
O
tratamento é feito por uma equipe multidisciplinar, envolvendo Reumatologistas,
Otorrinolaringologistas, Cirurgiões-Dentistas e Psicólogos já que a condição de
morbidade desencadeada pela doença tem levado muitos pacientes a estados
depressivos.
Até o presente, o tratamento é
sintomático, ou seja, feito por meios paliativos, mas que não agirão na causa
da doença, como lágrimas e salivas artificiais, gomas de mascar sem açúcar para
a estimulação da salivação, sialogogos (drogas que estimulem a produção da
saliva) e gotas oculares de ciclosporina (uma droga imunossupressora).
Para
relembrar as aulas de Farmacologia (ou para adiantar quem ainda não as teve),
têm-se, como principais meios de tratamento da doença, as drogas Colinérgicas
(drogas que promovem no organismo respostas semelhantes às da estimulação dos
nervos parassimpáticos), como a Pilocarpina, que é um estimulador da produção
de saliva.
O
Cloridrato de Pilocarpina a 2% pingado sobre a língua ou ingerido em cápsulas
de 5 mg três vezes ao dia podem ser efetivos para alguns pacientes. Outros
ainda precisam dos auxílios do Salivan® (carmelose sódica) e/ou do Oral
Balance®, que são substituidores de saliva.
Recentemente,
um novo sialogogo, o hidrocloreto de cevimelina, foi aprovado pelo FDA ( Food
and Drug Administration – USA) para alívio dos sintomas de boca seca nestes
pacientes. A Cevimelina é um anti-colinérgico que se liga a receptores
muscarínicos (responsáveis pelas ações parassimpáticas), assim como as
Pilocarpinas. Os agonistas muscarínicos em doses suficientes podem aumentar a secreção
de glândulas exócrinas como as salivares. A cevimelina é rapidamente absorvida
possuindo um pico de concentração que varia de uma hora e meia a duas horas.
Ela tem atividade mais seletiva, portanto, com menos efeitos colaterais, em
comparação às Pilocarpinas.
A
dose recomendada de cevimelina é de 30mg, três vezes ao dia.
Ainda não existe informação suficiente para permitir o uso de doses acima de 90mg/dia.
Ainda não existe informação suficiente para permitir o uso de doses acima de 90mg/dia.
Vale
lembrar que a aplicação tópica de flúor e o controle rigoroso da higiene bucal
são INDISPENSÁVEIS para a prevenção da cárie e doença periodontal prevalentes
nesses pacientes.
Interessante,
né? Espero que tenham gostado, espero por vocês na próxima Quarta!
Beijos,
Lays
Azulay, estudante do 3° Período, na Universidade Ceuma – São Luis – MA
Contato:
lala_azulay@hotmail.com
Tratamento da síndrome de Sjögren
primária: uma revisão sistemática
http://jmarcosrs.wordpress.com/2012/02/10/sindrome-de-sjogren-tratamento-primario/
O Uso de ciclosporina no tratamento do olho seco
http://www.medcenter.com/medscape/content.aspx?id=3345&langType=1046
Cevimelina: nova proposta terapêutica no tratamento da
xerostomia
http://www.odontologiadiferenciada.com.br/?cont=cavimelina
Síndrome de Sjogren: Revisão de literatura e
acompanhamento de um caso clínico, Tarsila M.C. Freitas, Ana Miryam C.
Medeiros, Patrícia T. Oliveira e Kenio Costa Lima , para a Revista Brasileira
de Otorrinolaringologista (Abril de 2004)
Síndrome de Sjogren, Rafael Barbieri e Adriano
Chiereghin, Temas de Reumatologia
Clínica, Vol 10, n. 3 (Setembro de 2009)
SÍNDROME DE SJOGREN: UMA DOENÇA EM
EVOLUÇÃO
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/25921
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