Já fazem algumas semanas que eu quero falar sobre o assunto, afinal, não podemos negar que a Implantodontia é hoje a especialização mais queridinha da Odonto. Convenhamos, ela traz para a nossa área, e para os pacientes que a necessitam, uma grande perspectiva que não encontrávamos antigamente. Ao perder um dente, o paciente se via preso a próteses móveis ou dentaduras que não eram tão eficientes, na maioria das vezes desconfortáveis, que comprometiam a estética dental e a diminuição da capacidade de mastigação, alterando a qualidade de vida dessas pessoas.
Com o grande avanço que os Implantes trouxeram para a Odonto, os espaços edêntulos passaram a ser preenchidos por essas raízes dentárias artificiais que suportam uma prótese de dente (coroa), trazendo benefícios como a melhora da fala, da estética, do conforto, da alimentação, além de proteger os dentes naturais restantes, já que retém menos placa bacteriana comparado as próteses removíveis. Isso ocorre pela implantação de um parafuso de titânio no interior do tecido ósseo onde houve a perda do elemento dental. Ao redor do titânio, ocorre a osseointegração, ou seja, a formação de tecido ósseo que irá incorporar o titânio ao organismo.
Mas aí chegamos a um grande ponto, pensem comigo: Sempre que um dente é perdido, o osso que se encontrava ao redor do dente é reabsorvido. Quando o implante é feito pouco tempo depois da perda do dente, a chance de sucesso da cirurgia, e consequentemente, da osseointegração do implante é de quase 100%. Porém, com o passar do tempo, esse processo de reabsorção óssea ou atrofia óssea, torna o osso progressivamente mais fino e a colocação do implante quase que impossível. Vou explicar: De acordo com um artigo que li, após a remoção do elemento dentário, no primeiro ano dessa ausência do dente, ocorre uma perda óssea de 25% em largura e 4mm em média de altura. Portanto, como um processo progressivo, quando a perda do elemento dentário ocorreu há muitos anos, trazendo danos como boca murcha, fala alterada, mastigação reduzida, expressão facial e sorriso limitado (por conta da perda parcial das funções dos músculos faciais), a perda óssea é grande e o implante impossível de ser colocado. Diante disso, faz-se necessário a realização de um procedimento para recriar o osso perdido, denominado ENXERTO ÓSSEO.
O profissional Implantodontista e o Cirurgião Bucomaxilofacial são habilitados a realizarem as cirurgias reconstrutivas de enxerto ósseo, que pode ser obtivo através dos seguintes processos:
· Por osso autógeno (autólogo): É o osso que tem como origem o osso do próprio paciente. O osso doado é retirado de outras partes do organismo chamadas de áreas doadoras. Existem áreas doadoras intra-bucais e extra-bucais. Uma área referente até quatro dentes ausentes, pode ser recomposta com osso autógeno de área doadora intra-bucal. Áreas maiores do que quatro elementos dentários ausentes, requerem zonas de doação em outra parte do organismo do paciente (extra-bucal). Geralmente, as áreas de eleição são crista ilíaca (bacia) ou calota craniana.
· Por osso homógeno (homólogo): É o osso que tem como origem o osso de outra pessoa. Isto quer dizer que o osso é de um doador não vivo (cadáver). Geralmente, os bancos de ossos devem ser credenciados junto à Anvisa, sendo crime a sua comercialização. Em Dezembro de 2006 foi aprovada, pelo Ministério da Saúde e ANVISA, a utilização do Banco de Tecidos para o cirurgião-dentista.
· Por Osso heterógeno (heterólogo): É o osso que tem como origem o osso de doador de outra espécie (não humano). Normalmente, a origem é bovina. Vários fragmentos de osso bovino, tanto na área externa quanto interna (cortical e medular) são esterilizados e processados para uso odontológico.
É de conhecimento geral, na Odontologia, que o melhor material de enxerto é o osso autógeno, devido às suas propriedades biológicas e a ausência de rejeição. É bom lembrar que, antes de se realizar qualquer planejamento no qual esteja envolvida uma cirurgia reconstrutiva, como a cirurgia de enxerto ósseo, o paciente deve ser submetido a uma criteriosa avaliação, envolvendo as seguintes etapas:
a) Avaliação médica geral
b) Avaliação clínica do dentista (extrabucal e intrabucal)
c) Avaliação por imagens (radiográfica e tomográfica)
d) Diagnóstico
e) Plano de tratamento interdisciplinar (com o auxílio de algumas áreas da odontologia, como a implantodontia, a prótese e a cirurgia, por exemplo).
O aperfeiçoamento das técnicas de obtenção de osso e um vasto arsenal de recursos como trefinas, “raspadores”, coletores e trituradores ósseos, têm facilitado o acesso às áreas doadoras e reduzido o trauma cirúrgico. Esses avanços, a experiência do profissional e os relatos na literatura, nos mostram o quão segurança é a cirurgia de enxertos ósseos na reconstrução dos processos alveolares reabsorvidos. Fica claro entender que o futuro da Implantodontia na área específica de enxertos ósseos, apresenta muitos avanços científicos, em particular a produção de proteína óssea em laboratório, assunto para um próximo encontro.
Espero que tenham gostado! Esse tema é incrivelmente lindo e extremamente extenso. Muitos estudos estão sendo realizados, tudo em prol da qualidade de vida dos nossos pacientes.
Aguardo vocês no próximo encontro!
Lays Azulay, estudante de Odontologia da Universidade Ceuma, São Luis - MA
Fontes:
Muito bom!! Sou estudante de odontologia, estou no 4º período e me interesso na área de cirurgia. aguardo o próximo. parabéns.
Oi Lays,
vim correndo ler seu artigo assim que vi o tema. Minha irmã vai fazer uma cirurgia dessa essa semana (10/08). No caso dela, ela nunca teve um dente, ele não nasceu, e ela só percebeu quando colocou aparelho, porque ficou um buraco! Daí ela vai ter que fazer o enxerto ósseo! ;]
Vou indicar seu artigo pra ela!
Beijos!
Carol Spotti